Esse texto que intitulei “O Ano” foi escrito para falar do intervalo de 7 anos entre o momento que escrevi o livro Prefiro Gente e o momento que decidi publicá-lo. A pessoa para quem escrevi sugeriu que, pelo meu jeito de escrever, poderia fazer um diário aberto como forma de me reconhecer e ser reconhecida como escritora, e dai nasceu o Diário de Roberta. Roberta é a personagem do livro Prefiro Gente que põe no mundo minhas palavras.
O Ano
Foram 7 anos, passei contando o tempo. Não são todos os ciclos que me atento, mas uma prima me falou muito de numerologia e, naquela ocasião, fiz as contas. Estava concluindo o ano 1, recomeço. Já tinha vivido, superado, realizado muitas coisas na vida. E agora? O que esperar da vida? Pois do melhor momento, o ápice, me vi cair no limbo. Combinei com Deus ali que, por não entender nada, seria um dia de cada vez.
Pela primeira vez me vi triste. Não sei como e nem porquê, escrevi (coisas boas). Triste, vi luzes apagadas, mas lembrava das coisas boas (minha referência na vida). Certo é que, na tristeza, coisas tristes aconteceram e coisas boas aconteceram especialmente. Neste momento, realmente não lembro como escrevi, lembro que foi natural e simples, foi rápido também, sentei e escrevi naquele que era minha única companhia naquela fase/período: o notebook. Ele “segurou a onda” quando não tinha dinheiro para substituí-lo e nem quem o substituir quando queria falar… perguntar.
Do limbo, passei por uma reforma profunda em minha “live alone”, que chamo de autoterapia. A vida dialogou comigo e fomos juntas um dia de cada vez como combinei com Deus. Vivi coisas lindas, a reforma doeu mesmo assim. Entendi muitas coisas, passei por experiências novas, vi meu corpo reclamar, segui na positividade (hoje em dia uma amiga vive me dizendo que o que a gente é não muda).
Sete anos depois, posso dizer que vinha sentindo um ciclo novo se iniciar, novas vibrações e uma certeza de coisas boas por vir. Como “resisti” todo esse tempo lutando por me manter sã para viver o que viesse de bom quando tudo melhorasse, eu ficava fazendo conta do tempo: quanto tempo falta para luz acender de novo?
Chegou meus 40 anos, eu queria comemorar, mas não queria fazer festa. Queria agradecer, celebrar com os amigos, mas não combino com mesas forradas e organizadas, nem com a maquiagem e o salto alto. Pensamos numa festa alternativa, pois não sabia o que fazer além de festa. Eu já estava numa fase melhor, o ciclo novo, ainda não tinha acontecido coisa concreta, mas já sentia colher os frutos positivos da “resistência”. Minha vida e meus laços me faziam entoar a gratidão mais forte. E sigo lembrando das coisas boas.
A reforma e suas recaídas ficavam (ficam) apertando os locais onde as coisas ruins machucaram, dói né? E seguimos seres em construção no eterno orai e vigiai. Não quero mais viver a reforma como foco central, que siga natural e humana. Quero viver a plenitude, degustando os frutos.
Eis que veio a pandemia e nos colocou em casa e sem festa. Fui fazer as contas, no aniversário entrei para o ano 9. Imediatamente perguntei a Deus: pode ser o ano da pandemia “O Ano”. Ele respondeu: Pode.
Num salto tão inesperado quanto foi escrever, surgiram Prefiro Gente, Diário de Roberta e Clube de Lu. Encontrei um, descobri o outro e criei o seguinte. A Amelie Editorial participou desse processo também (escolhi pelo nome, deu certo).
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